quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Invasão da Checoslováquia

Crowd of protesters surrounding Soviet tanks during the first days of the invasion
Faz hoje 51 anos que as tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a Checoslováquia e puseram fim à experiência liberalizadora do regime comunista por Alexander Dubček. É na sequência dessa invasão que tenho uma das imagens mais fortes da política. Trata-se da auto-imolação do estudante Jan Palach, meses depois, como protesto pela invasão. Não sei se são imagens visuais ou meramente auditivas. A minha impressão é que a televisão passou a imolação, mas pode ser apenas o trabalho da imaginação na produção de uma memória falsa. Naquela altura, não tinha suficiente consciência política para compreender o gesto do estudante checo. Impressionou-me, apenas. Anos mais tarde, descobri que naquelas chamas que devoravam Jan Palach ardiam muitas outras coisas, entre elas a maior ilusão que o século XIX produziu e que o XX quis tornar realidade pelo uso inexorável da força. A força de uma ilusão tornou-se na realidade da força pura, um exercício continuado de violência, que não alterou em nada a natureza dos homens, como os revolucionários almejavam, tornando-se eles próprios uma encarnação do mal que queriam erradicar.

4 comentários:

  1. Olá, a verdadeira revolta, e a única a sério e a doer, foi na Hungria.

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    1. Sim, mas dessa não posso ter qualquer memória. Mal tinha acabado de nascer.

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  2. A insustentável leveza do descontentamento.

    Um abraço

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    1. Tão leve que foram precisos tanques para que ela não se elevasse aos céus.

      Abraço

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