Depois de uma pequena acalmia, a pandemia de COVID-19 escalou.
Contágios, internamentos, utilização de cuidados intensivos e mortes, tudo isso
apesenta números que são já assustadores. É fácil criticar os governos,
difícil, porém, é ter, com os recursos existentes e com os conhecimentos
disponíveis, respostas que agradem a todos ao mesmo tempo. Este artigo não versa
sobre o combate epidemiológico, sobre o qual não tenho ideia alguma, nem, tão
pouco, sobre a gestão política concreta. Pretendo chamar a atenção para um
outro aspecto que a resposta a dar a esta pandemia suscita.
Assiste-se, não poucas vezes, a um combate feroz entre duas ideias sobre a sociedade. Para uns, a colectividade deve sobrepor-se ao indivíduo, por vezes de tal maneira que abole as liberdades deste e sufoca-o no meio da massa. Para outros, a comunidade é uma ficção, só os indivíduos, com os seus interesses próprios, existem. Entre estes dois extremos, há concepções intermédias. A pandemia surge como uma razão forte para preferirmos, seguindo a lição da moral aristotélica, o meio termo entre o colectivismo e o individualismo.
A espécie humana não conseguirá responder a esta pandemia com o mínimo de sucesso se os mecanismos comunitários, de onde se destacam as instituições públicas de saúde, não funcionarem, se o Estado, enquanto representante da comunidade, não mobilizar mecanismos de solidariedade que atenuem o impacto na economia e na vida das pessoas. A força da comunidade tem um papel muito importante na presente situação. No entanto, ela é apenas o outro lado da dimensão individual. O combate à pandemia passa pelos indivíduos, pela sua autonomia, pela sua liberdade e pela sua responsabilidade. Passa pela capacidade de pôr freio ao egoísmo espontâneo, usando a sua liberdade para se conter e evitar a propagação da doença.
Nem um colectivismo que reduz os seres humanos à massa, nem um individualismo egoísta e negador da comunidade têm grande coisa a oferecer. Ao primeiro, falta a liberdade das pessoas que implica a sua responsabilidade individual. Ao segundo, falta-lhe a importância dos mecanismos de solidariedade dentro da comunidade. A resposta à pandemia exige um equilíbrio, um meio termo que é, na verdade, a justa medida, que nos permitirá enfrentar, com menos perdas, o terrível inimigo que nos coube. A resposta sensata à pandemia reforça a posição daqueles que defendem, para a vida política, um equilíbrio entre o liberalismo e o socialismo, entre a liberdade dos indivíduos e a solidariedade dentro da comunidade.
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