segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A Garrafa Vazia 47

Oskar Kokoschka, Cavaleiro errante, 1915
Tivesse eu o talento
e o tempo,
e de Aquiles, a ira,
e de Orlando, a fúria,
haveria de cantar.

Saiu-me por arte
a falta de engenho
e cheguei tão tarde
que outros
antes as cantaram.

Para herói de alfurja
chego-me eu.
Pego na garrafa vazia
e estremeço
encardido de carvão.

Dezembro de 2020

2 comentários:

  1. A sensação de que tudo o que havia de grande para dizer já ter sido dito por grandes tem-me sempre impedido de alguma forma de dizer.o que, felizmente, não acontece consigo.belo poema...

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    1. Muito obrigado. Há sempre qualquer coisa para dizer, apesar de os grandes já terem dito tudo.

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