Eliot Elisofon, Marcel Duchamp walking down a flight of stairs in a multiple exposure, 1952 |
A pergunta não pára de me atormentar: haverá o
infinito? Ressoa-me na consciência, surge grafitada nas paredes. Poderosos
altifalantes transmitem-na continuamente. Atormentado pela questão, não acabo
de me multiplicar. De mim sai um outro eu, e desse um outro exactamente
idêntico a mim. Cada novo eu se reproduz, não uma vez, mas num processo sem fim.
Anúncios luminosos repetem a pergunta, agora presa ao néon. Os eus são uma
multidão e crescem, alinhando-se atrás de mim. Descemos os degraus de uma
escada que tem sempre um novo degrau. Alcançado esse, logo se desdobra num
outro. Quando acordei, estava só. A casa tinha sido abandonada e de todos os
eus apenas um ficara. Este que vos pergunta pela existência do infinito.
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