Wassily Kandinsky, Painting with houses, 1909 |
Falemos de casas, do sagaz exercício de um poder
tão firme e silencioso como só houve
no tempo mais antigo
Herberto Helder
Outrora, essa marca de um tempo antigo, muito mais antigo e, por isso, muito mais novo, o poder decorreria de uma evidência. Dessa evidência, retirava ele, então, a sua firmeza silenciosa. Trazia consigo a marca da morte e esta tem o poder de calar as vozes que, sem a sua presença, se desatam num carrossel vertiginoso, onde as palavras se atropelam para sair das bocas. Em cada casa haveria, nesses dias que nem a memória recorda, um poder despótico. Pequeno, se a casa era modesta. Enorme, se a casa era um palácio. Nos alicerces de cada morada, encontrava o poder a solidez da sua firmeza. Então, transbordava pela rua e esta era um palco para o espectáculo com que cada poder, pequeno que fosse, se manifestava, como pura evidência, aos olhos dos transeuntes perdidos na viagem.
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