Fernando Calhau, Sem Título #802 #803 #804 (Night Works – Out Door Situation 5), 1971 |
A memória histórica tem limites, e estes são muito mais severos do que aquilo que seria desejável. O que se está a passar na Alemanha deveria preocupar não apenas os alemães, mas todos os que defendem uma vida pacífica e civilizada, num regime democrático e num Estado de direito. Esta notícia (aqui), onde é contada a perseguição sentida por professores no estado de Brandemburgo, é apenas um pequeno sinal da tempestade que se está a formar. Nas três últimas sondagens, publicadas na Alemanha, dias 14 e 15 de Julho, a AfD (Alternative für Deustchland), um partido da extrema-direita com influências nazis, obtém 20% das intenções de voto, sendo neste momento o segundo partido alemão, a seguir à CDU (centro-direita). Se este dado é, por si mesmo, preocupante, a preocupação intensifica-se quando se sabe que o maior partido austríaco é o FPÖ (Freiheitliche Partei Österreichs), também de extrema-direita, com intenções de voto na casa dos 30%, e que Marine Le Pen tem grandes possibilidades de se tornar a próxima presidente de França. O que se poderá esperar, num futuro que poderá não ser muito longínquo, de uma Alemanha (e Áustria) e França dominadas pela extrema-direita nacionalista? Rapidamente, a questão da luta contra os imigrantes, o principal motor da ascensão destas forças políticas, dará lugar aos velhos ódios franco-alemães e ao ressentimento de dois derrotados da segunda guerra mundial, pois se a Alemanha perdeu a guerra e a França se sentou na mesa dos vencedores, a realidade é que também os franceses foram derrotados e humilhados pelos alemães. Conforme a memória histórica se vai diluindo com a morte das gerações que viveram a tragédia dos anos 30 e 40 do século passado, mais forte se tornará o desejo de vingança.
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