Em França, os socialistas dão
alguns sinais de vida, mas a velocidade da sua recuperação é muito lenta, não
os tornando uma solução. O mesmo se pode dizer dos socialistas gregos. Na
Áustria, têm ainda alguma força, mas longe daquela que os fez o pilar fundamental
da governação. Mesmo em Espanha, onde ocupam o poder, as últimas sondagens
trazem-lhes más notícias. Em Portugal, a situação não é radiosa. Apesar da
governação — muitas vezes incipiente — de Montenegro, os socialistas
portugueses não descolam, nas sondagens, do PSD. Apenas nos países nórdicos, o
centro-esquerda continua a ser uma força pujante e claramente determinante. Um
dos factores do enfraquecimento da esquerda democrática estará associado à
polarização política trazida pelo crescimento da extrema-direita e da direita
radical.
O problema, porém, pode ser mais
profundo: uma desadequação entre os programas e as práticas políticas do
centro-esquerda e as expectativas dos cidadãos. Por outro lado, toda a esquerda
parece incapaz de perceber as mudanças que se vivem — tanto na área tecnológica
como na área geopolítica. As redes sociais e a democratização do uso da
inteligência artificial têm sido um calvário para a esquerda, incapaz de
adequar a sua retórica, os seus valores e as suas práticas ao novo ambiente
onde decorre a disputa política. Além disso, as mudanças geopolíticas — em que
a eleição de Trump representa uma revolução — são pouco propícias às posições
do socialismo democrático e da social-democracia. Se o centro-esquerda pretende
ainda ter um futuro na Europa, deverá, em primeiro lugar, olhar para as reais
expectativas dos eleitores. Em segundo, fazer uma profunda reflexão sobre os
seus desaires e o mundo em que se vive. Por fim, observar as razões da pujança
do centro-esquerda nos países nórdicos. As democracias liberais precisam de uma
esquerda moderada forte e não moribunda.
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