sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

A Garrafa Vazia 38

Pablo Picasso, Busto de hombre escribiendo, 1971
Não sou poeta, pois não
vivo no fio aguçado
da navalha.

Sem melancolia, uso-a,
à navalha,
para fazer a barba.

Logo, corto o pescoço
e a fina ranhura
sangra em vermelho.

Com lápis cicatrizante,
paro a escorrência
e mato o estro.

Não tivesse eu horror
ao sangue, grande
poeta haveria de ser.

Novembro de 2020

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