Ramón Pérez Carrió - A neblina é a cor da amargura (1995)
Os tempos que se aproximam trazem consigo uma necessidade imperiosa, a estranha urgência de gerir a amargura. Não é um mero problema de administração pessoal do azedume, da angústia e do ressentimento. Para isso, psicólogos e psicanalistas chegariam, aqui ou ali com a colaboração de algum sacerdote. A amargura que vai ser preciso gerir tem uma dimensão social, resulta da intensificação paroxística das múltiplas amarguras individuais. Depois de décadas em que se prometeu, ali mesmo ao virar da esquina, a abundância e a felicidade eterna, a velha cornucópia foi roubada, e onde se anunciava abundância há penúria, onde se oferecia felicidade apenas se vende desdita e infortúnio. No mundo onde escasseia o trabalho, criou-se um imenso mercado para os gestores da amargura.
Que em breve vão ter um "upgrade" para gestores do desespero.
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Pelo que se tem visto por cá, a amargura não leva ao desespero. Apesar de ressentidos e amargurados, os portugueses vão apoiando o que se está a passar. Não me admira que amanhã tenhamos de novo o senhor Relvas como ministro e relegitimado pelo voto popular.
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Talvez, o cidadão-eleitor tuga gosta de "encores".
ResponderEliminarNão me admiraria nada. Tudo parece caminhar para isso.
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