Um texto novo a intercalar nos textos dos cadernos do esquecimento provenientes do meu antigo blogue averomundo.
O zelo que o pensamento ocidental introduziu no mundo não será apenas uma espécie
de doença. É um exercício de falta de probidade. Refiro-me, por exemplo, ao escândalo que é a crítica do
uso de afirmações auto-refutantes. Se pudesse, ou se tivesse talento para tal,
apenas usaria afirmações desse tipo. A verdade de cada uma delas implicaria a
sua falsidade. Só assim me sentiria reconciliado comigo e autêntico para com o
mundo e os outros. Porque tudo aquilo que digo é manifestamente falso e, por
isso mesmo, verdadeiro. Este jogo risível que as afirmações auto-refutantes
introduzem não é o resultado de uma deficiência lógica, mas o preço que devemos
pagar pela pretensão de abrir a boca sobre seja o que for. Não se trata de uma razão equivocada, mas de uma razão humilhada.
Não é fácil aceitar a traição das (nossas) palavras.
ResponderEliminarUm abraço
Nem, tão pouco, é fácil aceitar os limites da razão. E não falo dos limites relativos à especulação sobre o mundo metafísico. Refiro-me ao mundo físico.
EliminarAbraço