terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Cadernos do esquecimento 5 - O futuro

Em maré de muitos afazeres deste blogger, continua a recuperação de textos do meu antigo blogue averomundo, retirado de circulação. Este texto pertence a uma série denominada cadernos do esquecimento. Texto de 15.09.2009.


A condição histórica é a natureza da humanidade fora do estado paradisíaco. Submetido ao tempo, o homem soçobra sob o jugo terrível do império do futuro. Este sempre foi visto como uma ameaça, o cumprimento de uma sentença inapelável de condenação à morte. A modernidade, porém, subverte esta experiência arcaica e faz do futuro um lugar radioso, o sítio onde se cumprem todas as expectativas. Assim se percebe, por exemplo, a natureza do homem revolucionário, e eu já fui um revolucionário, embora diletante e falhado. Quer destruir o presente – toda a ordem da presença é abominável – para que o futuro se realize. Por isso, deixa atrás de si um rasto interminável de sangue. O futuro nunca deixou de ser o lugar da morte. 

2 comentários:

  1. O futuro é o lugar da morte. Pena é que o queiram matar no presente.

    Um abraço

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    Respostas
    1. Mas mesmo o actual homicídio do presente é feito em nome do futuro. Para os actuais senhorios, toda a ordem da presença é abominável.

      Abraço

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