Em maré de muitos afazeres deste blogger, continua a recuperação de
textos do meu antigo blogue averomundo,
retirado de circulação. Este texto pertence a uma série denominada cadernos do esquecimento. Texto de
15.09.2009.
A condição histórica é a natureza da humanidade fora do estado
paradisíaco. Submetido ao tempo, o homem soçobra sob o jugo terrível do império
do futuro. Este sempre foi visto como uma ameaça, o cumprimento de uma sentença
inapelável de condenação à morte. A modernidade, porém, subverte esta
experiência arcaica e faz do futuro um lugar radioso, o sítio onde se cumprem
todas as expectativas. Assim se percebe, por exemplo, a natureza do homem
revolucionário, e eu já fui um revolucionário, embora diletante e falhado. Quer
destruir o presente – toda a ordem da presença é abominável – para que o futuro
se realize. Por isso, deixa atrás de si um rasto interminável de sangue. O
futuro nunca deixou de ser o lugar da morte.
O futuro é o lugar da morte. Pena é que o queiram matar no presente.
ResponderEliminarUm abraço
Mas mesmo o actual homicídio do presente é feito em nome do futuro. Para os actuais senhorios, toda a ordem da presença é abominável.
EliminarAbraço