quinta-feira, 27 de junho de 2019

Controlar o Ministério Público

Paul Huet, El abismo; Paisaje, 1861
Apesar de derrotada, a recente tentativa dos grupos parlamentares do PS e do PSD de produzir um esquema para tornar possível o controlo político do Ministério Público merece atenção. Não porque os dois maiores partidos o queiram fazer, parece que está na sua natureza, mas porque a tentativa mostra que eles ainda não compreenderam nada do que está a acontecer nas democracias. Uma acção dessas há 20 anos passaria despercebida à opinião pública. Hoje em dia, porém, seria mais um factor - e não pequeno - de descredibilização da democracia representativa. A cegueira é de tal ordem que, estando à beira do abismo, esta gente não hesita em dar um passo em frente. Os partidos ainda se julgam senhores absolutos do espaço político e pensam possuir poder suficiente para contornar a opinião pública. Estão enganados. As democracias estão sob ataque e as elites políticas sob vigilância popular. Se Portugal ainda não produziu o seu movimento populista, há muita gente nos partidos do poder apostada, por arrogância e incúria, em criar condições para que ele apareça. Como diz o ditado popular, o pior cego é aquele que não quer ver.

2 comentários:

  1. As sociedades de advogados, aka, grupos parlamentares, tentam tudo para manter os privilégios de sempre.

    Um abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mais do que nos costumes, o portugueses são brandos nas incompatibilidades.

      Abraço

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.