PODER AUTÁRQUICO.
Depois da operação Teia, uma nova
operação contra detentores – ou ex-detentores – do poder autárquico. Não faço
ideia o que pensam presidentes de câmara e vereadores sobre a reputação das
autarquias. Qualquer cidadão percebe que essa reputação está muito longe de ser
a melhor. Poderão os autarcas fazer alguma coisa pelo poder municipal e,
através dele, pela democracia? Podem. Devem exigir a criação – ou criá-los, se
para isso tiverem poder – de mecanismos de completa transparência nos concursos
públicos e na gestão da coisa pública. Mecanismos a que os próprios cidadãos
possam aceder. Devem ter uma gestão dos municípios e das suas condutas
políticas absolutamente frugal. Isso ajudaria em muito à reputação das
autarquias.
PROFESSORES. Saiu
o calendário escolar do próximo ano lectivo. Os jornais anunciam três semanas
de férias de Natal. Nas caixas de comentários dos jornais online não tardou a
habitual campanha contra o professorado. Ninguém quis saber que a pausa lectiva
do próximo ano é praticamente igual à dos anos anteriores. Há mais um dia sem
aulas. Porquê? Porque o dia habitual de recomeço das aulas, 3 de Janeiro, é uma
sexta-feira e o governo achou sensato fazer o recomeço na segunda-feira
seguinte. O caso serviu para uma pequena fronda contra os professores. Isto diz
muito do país que somos.
ORDENAÇÃO DE HOMENS
CASADOS. A Igreja Católica vai discutir a possibilidade, na Amazónia, de
serem ordenados como padres homens casados. A expectativa de alguns, porém, é
que este seja o primeiro passo para que o processo seja replicado noutros
lugares do mundo, onde a Igreja enfrenta o mesmo problema da falta de
sacerdotes. A abertura ao mundo moderno feita pelo Concílio Vaticano II foi
seguida pelo declínio das vocações e pelo abandono do sacerdócio por muitos
padres. Os conservadores vêem o concílio como a causa do problema. No entanto,
ninguém pode afirmar que mantendo-se a Igreja fiel ao espírito tridentino a
situação não seria a mesma ou pior. Vamos assistir, por certo, a novos
confrontos entre tridentinistas e
adeptos do Vaticano II.
FUTEBOL. A
transferência do jogador João Félix para o Atlético de Madrid, por 120 milhões
de euros, por muito que adeptos compradores e vendedores se alegrem, mostra que
o futebol é, há muito, um jogo cujo centro reside no dinheiro. Sem este, o
futebol tal como existe desabaria. O que impressiona, porém, é os adeptos
confundirem o peso do dinheiro com o mérito desportivo dos seus clubes. O
mérito dos vitoriosos reside em grande parte no dinheiro que têm.
[A minha crónica no Jornal Torrejano]
Excelente.
ResponderEliminarUm abraço
Obrigado.
EliminarAbraço