Simón Vouet, El rapto de Europa, 1640 |
Talvez não exista melhor sintoma do sarilho político que varre a União Europeia do que a criação de uma vice-presidência da Comissão Europeia com a finalidade de "proteger o modo de vida europeu". Como a senhora Von der Leyen não provém de um governo de extrema-direita racista e xenófobo, pelo contrário, a escolha desta designação não deixa de ser o reconhecimento de que existe um problema político, e esse problema político está ligado a um desafio ao modo de vida europeu. Seja este desafio real ou ilusório, a verdade é que em política o que parece é. A ignorância deliberada que a direita e a esquerda europeias têm ostentado perante o problema foi a porta por onde a extrema-direita entrou para se instalar nos sistemas políticos de muitos países europeus. Reconhecer que há um problema é já uma boa coisa, apesar das críticas severas a que a nova Presidente da Comissão tem sido sujeita. Pelo menos, abre caminho para pensar uma política alternativa à extrema-direita, uma política que busque compatibilizar a integração de quem vem de fora com a tranquila certeza de que os valores da liberdade individual e da democracia política serão defendidos sem quaisquer contemplações. Falta saber, porém, se não é já demasiado tarde e o crescimento da extrema-direita em países com a Itália, a França, a Alemanha, a Holanda e até em Espanha não será já imparável, apesar dos resultados das últimas eleições europeias.
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