Umberto Boccioni, Agitate Crowd Surrounding a High Equestrian Monument, 1908 |
No artigo do Público de sábado passado, Pacheco Pereira argumentava
que as
campanhas eleitorais são um contributo para a abstenção. Muito
provavelmente sê-lo-ão. No entanto, o mais interessante é que elas são um exercício
de nostalgia. Nostalgia de quê? Desses primeiros tempos fundadores da
democracia, onde existia uma forte polarização política e as campanhas
eleitorais eram exercícios de mobilização dos vários povos. Havia a crença de
que uma grande mobilização na campanha se traduziria em votos nas urnas. Então,
toda uma coreografia festiva, em parte importada em parte inventada localmente,
era posta em movimento. O que hoje em dia assistimos é a um exercício nostálgico
e revivalista desses tempos de polarização. Como não existe qualquer
polarização na sociedade portuguesa, as campanhas eleitorais, com as suas
arruadas, comícios e jantares, são exercícios patéticos que não comovem
ninguém, não mobilizam ninguém, não influenciam ninguém. Tornaram-se um ritual eleitoral
cujo sentido teológico se perdeu.
Há muito que tenho dúvidas sobre a eficácia das campanhas eleitorais. Normalmente os que as ganham, perdem as eleições.
ResponderEliminarAbraço
Parece que ninguém é capaz de avaliar a eficácia da coisa. Então repete-se infinitamente.
EliminarAbraço