Aurelie Nemours, Axel, 1979 |
Não há nada como uma boa falácia. Para hoje uso a da bola de neve.
A Idade Média foi uma época teocêntrica. Deus era o centro do universo e da
vida social. O Renascimento e os Tempos Modernos representaram uma revolta
contra o teocentrismo em nome do Homem. Este tornou-se o centro do universo e
da sociedade. Nos dias de hoje, o antropocentrismo tem já muito má imprensa.
Acusado pelos combatentes contra o especismo, o antropocentrismo arrisca-se a
entregar a alma ao criador, estando nós na alvorada de um novo interesse dos
homens, o animalismo, onde todas as espécies animais são irmãs. É de prever
que, chegando-se ao estágio em que os interesses do homem não são Deus nem ele
próprio mas o animal, se vislumbre que o animalismo é ainda uma espécie de
racismo que protege os animais em detrimento das plantas, que também partilham
com os animais a vida. O biologismo será a estação seguinte. A queda parece não ter fim. O raciocínio é
falacioso? É. No entanto, há qualquer coisa de doentio na crítica ao
antropocentrismo motivada pelo combate ao especismo e à diferença ontológica
entre os seres humanos e os animais não humanos.
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