O Alma Pátria não podia deixar passar em claro o
centenário do nascimento de Amália Rodrigues. A escolha recai sobre um fado cujo
poema, um excelente poema, é da autoria da própria Amália. Faz parte de um
célebre disco de 1962 conhecido como o disco do busto ou as óperas. Esse disco representa
uma ruptura com a forma como o fado era entendido. A isso não será estranho o
papel de Alain Oulman. Voltemos ao poema. No cerne está a tensão entre o
coração e a razão. Um coração que a razão não comanda, um coração independente
e ao mesmo tempo submetido à vontade de Deus. O primeiro verso diz: Foi por
vontade de Deus. O último sublinha: Eu não te acompanho mais. Este Eu
não te acompanho mais talvez seja mais do que um grito de uma subjectividade
esmagada pelo sentimento. Talvez seja um momento em que alguma coisa se rompe
na alma pátria.
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