sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Poema 41 - Não pára a grande fábrica do mundo

Não pára a grande fábrica do mundo.
Tece e destece, compõe sonhos e figura pesadelos.
Nela trabalham mãos de dedos afilados
e se a tarde chega e o trabalho vai,
logo um novo turno abre as portas
e o mundo, mesmo exausto mesmo moribundo,
levanta as pernas e põe-se a caminho.
Se pudesse, diria: estou neste mundo mas
não lhe pertenço. Ele não perdoaria a mentira,
e entre gritos e imprecações obrigar-me-ia
a provar cada sombra e cada hora de nojo
e, descontente, abrir-me-ia a grande porta
dessa fábrica onde todos trabalham à porfia.

2 comentários:

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.