Observe-se a seguinte tabela:
Unidade Política
|
Ouro
|
Prata
|
Bronze
|
Total
|
População
|
Medalha/por número de habitantes
|
European Union
|
90
|
102
|
107
|
299
|
494 070 000
|
1 652 408
|
USA
|
46
|
29
|
29
|
104
|
308 745 538
|
2 968 707
|
People’s R. of China
|
34
|
27
|
23
|
88
|
1.338.612.968
|
15 211 511
|
Russian Federation
|
24
|
26
|
32
|
82
|
142.914.136
|
1 742 855
|
Australia
|
7
|
16
|
12
|
35
|
22 996 361
|
675 038
|
Japan
|
7
|
14
|
17
|
38
|
127.433.494
|
3 353 513
|
New Zeland
|
6
|
2
|
5
|
13
|
4 414 400
|
339 569
|
Islamic R. of Iran
|
4
|
5
|
3
|
12
|
68 467 413
|
5 705 618
|
Brazil
|
3
|
5
|
9
|
17
|
192 376 496
|
11 316 264
|
India
|
0
|
2
|
4
|
6
|
1 210 193 422
|
201 698 904
|
Adicionando as medalhas ganhas pelos atletas dos 27 países que constituem a União Europeia (ver quadro global aqui), o resultado é esclarecedor: A União Europeia é, de longe, a maior potência desportiva mundial. Se se medir a produtividade desportiva pela relação entre o número de medalhas e a população existente, verifica-se que a União Europeia é, no âmbito das grandes unidades políticas, a mais produtiva (precisa de 1 652 408 pessoas para produzir uma medalha, enquanto os EUA necessitam de 2 978 707, a Rússia de 1 742 855 e a China de 15 211 511), só ultrapassada pela Austrália e a Nova Zelândia. Há algum motivo para meditação política nesta distribuição de medalhas?
Em primeiro lugar, a tabela torna evidente que unida a União Europeia é uma força poderosa, sem rival. Veja-se a desproporção de medalhas entre a União Europeia e os EUA, a China ou a Rússia. Os três somados têm menos medalhas do que a UE. Estes resultados provam não apenas a qualidade dos desportistas europeus como a primeira qualidade dos dispositivos técnico-científicos e institucionais da Europa desportiva.
Em segundo lugar, a força da Europa nasce da união, mas de uma união diversificada, onde os parceiros mantêm a sua singularidade. Seria provável que se a União Europeia se apresentasse nos Jogos Olímpicos com uma única representação, na qual estivessem os melhores dos europeus, acabasse por ganhar menos medalhas do que aquelas que ganhou. Os processos de selecção poriam de lado atletas que acabaram por ser medalhados.
Em terceiro lugar, isto permite pensar que os dois modelos políticos disponíveis (o Estado-Nação e a Federação) não se coadunam com a natureza política da União Europeia. A eficácia política - que se deverá reflectir na eficácia económica e social - exige que se invente uma nova conformação política que, não sendo uma federação tipo Brasil ou EUA, mantenha e, ao mesmo tempo, supere os velhos Estados nacionais. É o problema central da Europa e não tanto a questão das dívidas soberanas.
Por fim, esta reflexão não anula o habitual pessimismo sobre o destino da Europa. Apenas chama a atenção para o que é óbvio, a força da Europa, apesar de tudo aquilo que se tem passado. Precisamos de novas instituições políticas democráticas, de uma nova carta política e de um novo contrato social, no qual nos sintamos todos parte integrante. Precisamos, também, não apenas de pensadores mas fundamentalmente de homens políticos que saibam olhar para longe e não para o seu pequeno, grande que seja, umbigo. E é aqui que vem a negra nuvem do pessimismo.
P.S. Portugal, para igualar a média europeia, deveria ter ganho seis (6) medalhas e não apenas uma (1), como foi o caso. Como curiosidade veja-se que Portugal e Brasil têm resultados muito semelhantes. Portugal conquista uma medalha por 10 561 614 habitantes e o Brasil, uma por cada 11 316 214.
Post modificado às 21:01.
P.S. Portugal, para igualar a média europeia, deveria ter ganho seis (6) medalhas e não apenas uma (1), como foi o caso. Como curiosidade veja-se que Portugal e Brasil têm resultados muito semelhantes. Portugal conquista uma medalha por 10 561 614 habitantes e o Brasil, uma por cada 11 316 214.
Post modificado às 21:01.
A solução para a UE terá de ser política e só depois partir para a social e económica.
ResponderEliminarNa minha modesta opinião, penso que a ideia de Confederação, enquanto fase intermédia, apesar de todas as fragilidades, poderia ser a via mais eficaz para resolver o problema.
Relativamente ao medalheiro olímpico e à relação UE/restantes potências, sem prejuízo de concordar com a sua análise, gostaria de sublinhar que se aquela concorresse sob uma única bandeira, não poderia ter, nem de perto, uma representação, qualitativa e quantitativa, da dimensão da que "apresentou", condicionante que limitaria as possibilidades de conquista de medalhas.
Um abraço
Completamente de acordo. A questão da Confederação é interessante, embora haja uma experiência muito limitada da situação confederal, e sempre com aspecto transitório. Do ponto de vista teórico, a Confederação seria um bom ponto de partida, mas talvez seja necessário ainda bastante trabalho teórico sobre os modelos históricos existentes, as idiossincrasias dos estados soberanos a confederar e a própria experiência histórica da UE. [Bem, agora fala-se já na saída Alemanha do Euro, talvez não haja mesmo nada para pensar.]
EliminarRelativamente ao medalheiro, estou de acordo com o que diz. Haveria menos quantidade e também menos qualidade, mas julgo que a UE continuaria a ser, de longe, a principal potência desportiva do planeta.
Abraço.