Georges Rouault - Homo homini lupus (1944-1948)
Nas vulgatas escolares sobre a filosofia política de Thomas Hobbes ensina-se que, segundo o autor, no estado de natureza, antes do contrato instituinte do poder político, o homem estaria em guerra permanente com os outros homem. O homem é o lobo dos homem. O pensamento político hobbesiano era uma das linhas argumentativas que visavam suportar o absolutismo monárquico do antigo regime. Em contradição com esta linha de pensamento, emergiu o liberalismo que foi evoluindo para uma concepção democrática (demo-liberal) do estado. Uma das linhas de força da evolução liberal, nos últimos decénios, tem sido o combate ao estado e a luta pela minimização paroxística da sua acção. Os estados ocidentais, sob a injunção liberal, têm-se auto-limitado em áreas essenciais da vida das comunidades, nomeadamente na regulação dos mercados. Ao mesmo tempo, temos assistido à perversão mais completa das relações humanas, onde as manipulações financeiras são o arquétipo que modela a forma de vida que se impõe entre os homens. Só aqueles que são coniventes ou andam muito distraídos não percebem que, de forma cada vez mais acelerada, se está a instituir a guerra de todos contra todos, que o homem, cada vez mais liberto da tutela, retoma a sua velha faceta de lobo dos outros homens, que, numa palavra, a cada dia que passa se adentra no estado de natureza. Não, Thomas Hobbes não é um autor de um passado morto e enterrado. De um momento para o outro, tornou-se o mais actual dos contemporâneos.
A licantropia generalizada anuncia-se, a alcateia multiplica-se e já dá mostras de impaciência.
ResponderEliminarPara breve vamos ter o "lobo homem do lobo".
bfs
Muita impaciência, diga-se. E os lobos ao pé destes "lobos" são animais domésticos e sossegados, amigos do homem, mesmo. Bom domingo, caro JRD.
Eliminar