quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Poema 50: As Quatro Estações - Primavera

Vincent Van Gogh - Park at Asnières in Spring (1887)

50. As Quatro Estações - Primavera

A exuberância da vida trazida pela cor,
a transitoriedade apagada pela esperança,
promessas de frutos e água pura,
uma boca que te espera ao entardecer.

Ouve-se o zumbido dos insectos,
a música encobre a distância,
e tudo refulge batido pelo musgo solar.

Na beleza assombrada do dia,
cresce um ruído,
o latir dos cães no fundo do jardim,
o artifício de um deus no firmamento.

Não é tempo de interrogações.
Deixa o corpo despir-se para a luz,
entregar-se ao poder da claridade,
adormecer no cansado mistério 
de um mundo que se abre e recomeça.

4 comentários:

  1. A Primavera sugere-nos a esperança que o Verão anódino, por norma, não concretiza, até que o Outono (a minha estação preferida) nos desperta e alerta para o "descontentamento" que se reaproxima.

    Abraço

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    1. O Outono é a grande estação. O Inverno é já o luto pelofim do Outono.

      Abraço

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  2. Estes dias que anunciam a chegada da Primavera vêm com tanta esperança, tanta luz, tanta vida. O que eu gosto de ver a ponta dos ramos nus com as folhas a quererem despontar.

    Muito bonito o seu poema.

    Espero que não leve a mal eu dizer que os seus poemas são bonitos. Eu queria ser capaz de arranjar palavras mais elaboradas, já antes o disse, mas não as conheço nem as saberia usar com a devida precisão. Por isso digo o que me ocorre quando os leio: muito bonitos, muito belos.

    E o quadro que escolheu, um campo florido e inocente, também é muito bonito. Quando se olha para a imagem e se lêem as suas palavras a gente sente que a temperatura começa a ficar amena, que, se houver aragem, ela será suave.

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    1. Julgo que o mais importante são essas palavras (bonito, belo, gosto, não gosto, horrível) que expressam, através de um juízo de gosto, uma emoção estética.

      O trabalho a que, por vezes, me dedico sobre as obras literárias já entrou num caminho de perdição. A emoção estética que a obra provocou, ou não, foi substituída pelo trabalho analítico do pensamento. Mas quando se escreve poesia ou romance não é, em primeiro lugar, que nos dirigimos, mas ao sentimento, à imaginação, aos sentidos.

      Muito obrigado pela leitura.

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