Piet Mondrian - Composition with two lines (1931)
Felizes aqueles que nascem apenas com uma linha pela frente. Seguem-na até que a morte chegue. Há outros menos felizes, mas ainda assim felizes, que possuem inúmeras linhas. Divertem-se saltando de linha em linha. A verdadeira maldição é daqueles que nascem com duas linhas. No início nem dão por isso, mas com o tempo as linhas afastam-se e o pobre desgraçado vive estilhaçado entre ambas, tentando desesperadamente não perder qualquer delas. Haverá quem pense ser o problema de fácil resolução. Basta que abandone uma das linhas e se entregue todo e completo à outra. Puro devaneio. Não apenas não há como decidir qual deve ser abandonada, e se essa hercúlea tarefa é conseguida, por alguns instantes, logo uma intensa nostalgia se inscreve naquele lugar a que chamamos, por comodidade, coração. Nada a fazer, logo volta às suas duas linhas originais, como a duas amantes que não consegue amar nem abandonar. Cada um tem o destino que tem, e aquele que nasceu com duas linhas apenas pode aceitar o rasgão que a vida lhe impôs.
Como eu o entendo...
ResponderEliminarNão é um destino fácil, não...
EliminarAinda se ao menos se encontrassem no infinito...
ResponderEliminarAbraço
Talvez se encontrem, depois do desencontro original.
EliminarAbraço
A tensão esntre essas duas forças mantém o espaço entre as linhas como um lugar possível, circunscrito, quebrando-se uma delas, perde-se a tensão, dissipa-se o lugar.
ResponderEliminarÉ verdade, mas o lugar, por vezes, tem tensão excessiva.
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