Frantisek Kupka - Arquitectura filosófica (1913-1923)
Pergunta-se, por vezes, que relação pode haver entre a realidade da vida e o pensamento filosófico, tão comprometido este com a abstracção dos conceitos e a validade dos argumentos. A pretensa obscuridade da questão desvanece-se numa simples analogia. A filosofia é uma arquitectura da vida. Nos edifícios, nas praças, nas cidades, o que nós vemos são volumes, espaços preenchidos ou vazios, materiais organizados. Sob a camada material, porém, reside o trabalho arquitectónico, o exercício, por vezes ingénuo ou adulterado por interesses não estéticos, da concepção. A filosofia não passa de um trabalho de arquitectura, mais despojado ainda do que o do arquitecto, por isso mais abrangente, mais universal e também mais vital. Se na arquitectura se concebe o espaço, na filosofia é o continuum espaço-tempo, que estrutura a existência, que é conceptualizado e pensado segundo múltiplas modalidades, metafísicas, epistemológicas, éticas, estéticas. Um trabalho arquitectónico.
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