domingo, 24 de fevereiro de 2013

Poema 52: As Quatro Estações - Outono

Jean-Baptiste Armand Guillaumin - Paisagem de Outono (1876)

52. As Quatro Estações - Outono

Quando chegas, o encanto retorna,
o mistério de todas as coisas acorda,
estende os braços
para o chão marejado de folhas,
e toca ao de leve os céus
para que uma sombra de cinza
venha em forma de nuvem.

Nesses dias, estamos em casa
e o mundo ameno desenha,
entre a luz macilenta,
rosas silvestres em jardins delicados.
Tudo se apresta para o grande sono
e o sol declina entre árvores.

As alamedas abrem-se para nós,
aqueles a quem o destino deu
a melancolia meditativa,
e mostram-nos o caminho a percorrer.

Ecoa ainda o cântico das vindimas,
mas somos homens da cidade
e não sabemos contar os dias
pelo calendário que a terra nos deu.

Oiço um murmúrio ao longe
e entoo os primeiros salmos.
Sento-me no vestíbulo do Inverno,
deixo que um lento esquecimento
se abra sobre a memória
e, sonâmbulo, entro na noite que acorda.

2 comentários:

  1. Belíssimo poema.
    Do ocaso do Verão à madrugada invernosa que se anuncia, é na noite outonal que, desperto, gosto de sonhar.
    Daqui, com neve, desejo-lhe uma boa semana

    Abraço

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    Respostas
    1. Muito obrigado.

      Uma boa estadia nessas paisagens nevadas.

      Boa semana e abraço

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