domingo, 8 de dezembro de 2013

O homem que perdeu a pátria

Max Klinger - Na pátria

Já não tenho pátria, acabou-se. Não sei se a venderam ou se fui eu que, por descuido, a perdi. Oiço as palavras que me saem da boca e não reconheço a língua que me é devolvida. Tudo o que um dia me foi familiar tornou-se estranho. Casas, ruas, cidades, o rio da minha aldeia. O Tejo que era maior que o rio da minha aldeia já não está onde estava. Ou então foi o sítio por onde o Tejo passava que desapareceu, deixando as águas do rio suspensas do nada. Olho à minha volta e não vejo a sombra, aquela que me pertenceria. Perdi a sombra. Sou um estrangeiro em casa, na rua, onde quer que vá.

4 comentários:

  1. Quem escreve assim terá sempre a língua portuguesa como pátria e o Tejo como navio.
    Abraço

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  2. «A minha Pátria é a Língua Portuguesa»...e também 900 anos de História...o vazio do leito dos rios preenceher-se-á naturalmente com a vontade dos homens.

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