Um texto novo a intercalar nos textos dos Cadernos do esquecimento provenientes do meu antigo blogue averomundo.
Apetece-me escrever não fora a
Quaresma, o Carnaval seria insuportável. Mas quem me iria entender? Sabe-se
lá o que é a Quaresma. Fiquemos, então, pelo Carnaval, e imaginemos que não
escrevi o que escrevi. Odeio o Carnaval? Não, não. Não se trata disso. Trata-se
antes do desconsolo que cai sobre o mundo nestes dias. Deixe-se de lado o
Carnaval brasileiro e a sua estranha combinação entre o delírio báquico e a
racionalidade mercantil. Esqueçamos algumas festividades europeias, mais
refinadas e ousadas, mas onde a tradição e o turismo se casam, segundo a lei do
interesse. Olhemos para os Carnavais das nossas paróquias, apadrinhados por
municípios ociosos, ou para os tristes mascarados que, por desespero, andam por
aí perdidos. E eu sinto pena de tudo isso, pois tudo isso me dói, ao dar-me a
ver que, não sendo eu o mascarado ou o figurante, sou eu que por ali vou, nesta
triste figura de ser português como se fosse um sem-abrigo, um indigente que,
ao causar repulsa, desencadeia a boa consciência e o grito abafado da piedade.
O pior que nos pode acontecer é mesmo desfilar mascarados de portugueses.
ResponderEliminarAbraço
De facto, é penoso.
EliminarAbraço
Deprimente, o Carnaval português. Há anos e anos que o penso e sinto.
ResponderEliminarAbsolutamente, deprimente.
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