Francisco de Goya - Morreu a verdade
Quanto valerá a palavra - a palavra política, entenda-se - de um político? Por exemplo, que valor tem a afirmação do líder da bancada parlamentar do PSD de que não haverá mais cortes de salários e de pensões? Ou, noutro contexto, que credibilidade tem a palavra de Obama sobre o fim da recolha maciça de dados telefónicos pela NSA? O interessante neste tipo de promessas é que elas estão excluídas dos dois jogos-de-linguagem onde podiam ter algum valor para os cidadãos. Não representam um contrato jurídico e, por isso, os seus autores não podem ser confrontados com a quebra de um contrato. Também não representam uma afirmação moral e, por isso, os seus autores nem sequer estão submetidos ao escrutínio que sofrem as pessoas de moralidade duvidosa ou de má reputação que não honram a palavra. O valor deste tipo de afirmação é meramente político e insere-se no jogo da luta pelo poder e pela sua manutenção. O que está em jogo, então, neste tipo de afirmações não é a sua verdade, mas a sua eficácia política. Qual o resultado de tudo isto? Nada nos garante, a nós simples mortais, de que aquelas palavras queiram dizer o dizem e não queiram dizer, precisamente, o seu contrário. A verdade, só lateralmente, faz parte do jogo-de-linguagem político, enquanto auxiliar da luta pelo poder. Para nós, é como se Montenegro ou Obama nem sequer tivessem falado.
No caso de Montenegro, podemos inferir que Portugal não vai ter mais cortes nos salários e nas pensões, só os portugueses é que vão ter.
ResponderEliminarJá o Obama. Tomara ele que não lhe devassem a casa...branca.
Um abraço
Nem mais.
EliminarAbraço