A minha crónica semanal no Jornal Torrejano.
Estamos desde Maio em época de exames escolares. Este é um momento
importante na vida de alunos, famílias, escolas e professores. Depois da saída
dos resultados dos exames do 4.º e 6.º anos, vi grupos de pais e de professores
a opinarem contra a existência dessas provas. Pressente-se mesmo a existência
de correntes de opinião favoráveis à abolição total dos exames no ensino não superior.
Se esta tese vingasse, mesmo que fosse apenas no primeiro ciclo, os nossos
alunos seriam prejudicados.
Prestar provas é muito importante na vida das pessoas e o exame não é
apenas uma aferição de conhecimentos, mas um tempo de aprendizagem de si mesmo.
O aluno é confrontado com uma situação em que é posto perante problemas que têm
de ser resolvidos num curto espaço de tempo. Os alunos devem ser ajudados, por
pais e professores, a lidar com a exigência, o medo, a angústia que os exames
podem trazer, mas não devem ser poupados à provação. Só ela os tornará mais
fortes.
Por outro lado, os professores deveriam ser os primeiros a exigir que
todas as disciplinas e todos os ciclos de ensino fossem avaliados por exames
externos. Isso ajudaria a dar credibilidade pública à sua função social. Mais,
como sabe qualquer professor que já teve alunos em exame, as provas externas
ajudam a formar uma comunidade de destino entre professores e alunos, que é uma
das coisas mais importantes nos processos de educação.
Um exame é, ainda, um meio de certificação social do trabalho
desenvolvido por alunos e professores. Os custos do ensino são muito elevados –
mesmo num país como o nosso, onde se está a desinvestir na educação – e, por
isso mesmo, é preciso que sejam prestadas contas por todos os envolvidos. O
exame tem essa função de certificação social do sistema educativo.
Por fim, sublinhe-se que a escolaridade não se resume à preparação
para exames. Estes, contudo, devem ter um papel dinamizador da melhoria das
práticas de ensino. Os exames devem ser construídos de forma a que, cada vez
mais, seja exigido um ensino voltado para a inteligência, a capacidade de
raciocinar, de tomar decisões perante problemas. Se os exames forem apenas
provas que exijam a mera rotina e mecanização memorizada de saberes, então
devem ser questionados. Mas se forem melhorando, se se tornarem mais inteligentes,
e exigirem mais inteligência, podem ter um papel crucial no aumento da
qualidade da escola portuguesa. Não tenhamos medo de prestar provas. Há que
confiar na capacidade dos alunos e no trabalho dos professores. Um país que não
leva a sério os exames dos seus alunos é um país que não merece ser levado a
sério.
Apenas para dizer que estou absolutamente de acordo com o que li, não obstante ser um assunto que ainda me causa alguma perturbação.
ResponderEliminarMas estou a referir-me a outras paragens e outros conceitos.
Bom fim-de-semana
Um abraço
Os exames são um factor essencial no desenvolvimento de um sistema educativo democrático. A democratização do ensino não reside na eliminação das dificuldades, mas em ajudar os que precisam a ultrapassar as dificuldades.
EliminarBom fim-de-semana.
Abraço