domingo, 29 de junho de 2014

O mistério português

Salvador Dali - Ensoñación - Consigna: malgastar la deuda total (1933)

O que fazer com a matilha de economistas que, no governo e na comunicação social, defendeu que o único caminho para Portugal era o que estava a ser seguido? Parece que, segundo o FMI, os economistas de esquerda é que tinham razão. O processo seguido seria, segundo eles, suicidário. Haveria que reestruturar a dívida de Portugal. Isso seria melhor para o país, para a economia e para os cidadãos. Agora, é o próprio FMI que vem dar razão aos que combateram as políticas que nos foram impostas com mão dura e a vergonhosa colaboração do actual governo e dos comentadores colocados ao serviço destas políticas. 

As televisões e os jornais vão continuar a pagar aos que se mostraram tão incompetentes? Os portugueses vão continuar a dar-lhes credibilidade? Os eleitores vão continuar a votar em quem, de forma tão patente, prejudicou os portugueses e o país? Provavelmente, sim. Toda essa gente defendeu o que estava errado, toda essa gente colaborou no processo que atirou centenas de milhares de pessoas para o desemprego e a emigração. Mas a sua palavra é mais merecedora de crédito do que a daqueles que, desde o início, disseram que o que se estava a fazer era errado, como agora até o FMI reconhece. Portugal é um mistério. Quem se engana - por ignorância ou má-fé - é incensado. Os que fazem leituras adequadas da realidade apenas merecem desprezo e umas gargalhadas. 

2 comentários:

  1. A matilha dos economistas, acerca da qual o PR disse que as decisões económicas que toma, baseadas nos seus conhecimentos têm mais possibilidades de acertar do que as baseadas na ignorância, vai continuar impune e assobiar para o lado, porque este país é mesmo um mistério.

    Um abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Enfim, talvez tenhamos propensão para o martírio. Talvez tenha sido herdada juntamente com as palavras de origem árabe.

      Abraço

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.