terça-feira, 24 de junho de 2014

A confusa evidência

Hiroshi Hamaya - Bamboo forest, Kagoshima, Japan (1960)

Um texto novo a intercalar nos cadernos do esquecimento provenientes do meu antigo blogue averomundo.

Há dias em que tudo se torna mais confuso do que aquilo que é habito. Não é por falta de clareza e distinção do raciocínio. Pelo contrário, é essa clareza e distinção que transforma a luz do dia em sombra difusa, como se se trocasse os espaços abertos da vida civilizada por uma densa floresta. Melhor, como se a própria distinção e clareza da razão fossem uma sombra e elas próprias não passassem, na sua essência, da mais intrincada das confusões. Este é a hipótese do génio maligno imaginada por Descartes. Teria ele a noção de que naquele momento - talvez só naquele momento - estava a tocar alguma coisa fundamental, a qual, assustado pelas suas consequências, logo abandonou? Haverá alguma coisa mais confusa e sombria que uma evidência dada pela luz natural da razão?

2 comentários:

  1. Reconheço a minha confusão, quando penso que tenho razão e não tenho.

    (Bons tempos (por aqui) hein?!...)
    :(

    Um abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E mesmo quando temos razão isso não significa que não estejamos na confusão.

      Abraço

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.