sábado, 21 de junho de 2014

Uma injustiça inominável

Umberto Boccioni - Peasants at Work (1908)

Por parte dos apoiantes do governo há sempre uma decidida sonegação daquilo que motiva as actuais políticas. A dívida pública não é a razão que conduz as actuais políticas, mas o álibi com que se pretendem justificar. O verdadeiro motivo, aquilo que está por detrás do ir mais além da troika empreendido pelo actual governo, é a transferência de dinheiro das pessoas que trabalham para a remuneração dos capitais. Trata-se de transferir, efectivamente, dinheiro do bolso das classes médias e populares para o bolso dos ricos. Isso torna-se, agora, claro com o estudo do Observatório sobre Crises e Alternativas, ligado à Universidade de Coimbra. A crise foi o expediente para retirar aos trabalhadores por conta de outrem 3,6 mil milhões de euros e fazer chegar mais 2,6 mil milhões de euros às remunerações do capital. Nada disto tem que ver com iniciativa, espírito empresarial, empreendedorismo, trabalho criativo, e outros clichés usados. Trata-se apenas de manipulação da lei pela parte dos governantes. Do ponto de vista da equidade social estamos perante uma injustiça inominável, ainda por cima num país que, já antes da crise, era dos mais inigualitários. Caminhamos, rapidamente, para uma recomposição social digna daquilo a que antigamente se chamava terceiro mundo.

2 comentários:

  1. Eu sei que o que segue é uma repetição, mas creio que se justifica:
    Sabe-se que a falta de um sentido torna os outros mais apurados. Deve ser por isso que a Justiça, sendo "cega", consegue "cheirar" o dinheiro à distância, "ouve" os ricos com muita atenção e depois trata-os com um "tacto" muito especial. Por fim, dá uso ao seu "sexto sentido" e manda-os em paz...
    Um abraço

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    1. Dir-se-á, mesmo, que é uma justiça de fino tacto e de fino trato. Uns finórios.

      Abraço

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