Marcus Stone - The End of the Story (1900)
Um acaso fez-me voltar a este quadro de Marcus Stone. O que me prende nele não é a figura feminina por si mesma, não é a descrição ostensiva de um ambiente social, não é, tão pouco, a silenciosa concentração na leitura de quem anseia por chegar ao fim da história. A tradução portuguesa do título do quadro, The End of the Story, permite uma contaminação entre o fim de um romance e o fim da História. E é esta contaminação que me devolve ao quadro, à mulher que lê e anseia por chegar ao fim da narrativa. Enquanto lê, deixa descair o braço esquerdo e permite que a mão acaricie um gato. É esta displicência que me fascina e me leva a imaginar o outro fim da História. O melhor que pode acontecer, quando a História está a acabar, é estarmos sentados e, despreocupadamente, acariciarmos um gato, até que tudo esteja consumado. Como no fim de um romance, outro poderá ser lido, também outra História virá, mesmo que nela já não tenhamos lugar. E uma coisa parece adquirida. Não faltarão gatos a solicitar a displicência de uma carícia.
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