Carlos Botelho - Lisboa (1962)
8. Cidade despojada
Uma luz fria tece-se
na cidade despojada,
grávida, olhos negros,
tantos os outonos.
Sobre o rumor das ruas
fumegam os despojos:
roubam à morte a cárie,
na cidade despojada,
grávida, olhos negros,
tantos os outonos.
Sobre o rumor das ruas
fumegam os despojos:
roubam à morte a cárie,
a vida oxidada nas praças,
nos bancos onde poisam
cansados os pombos
e as últimas varinas.
[O Silêncio
da Terra Sombria, 1993]
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.