Marc Chagall - My Fiancé in Black Gloves (1909)
Retorno às palavras e olho para a língua como um campo a lavrar. Há
centenas de anos, agricultores silenciosos trabalham a terra, sulcam-na de
lés-a-lés, lançam pequenas sementes de onde novos e novos mundos virão. A cada
ano que passa, porém, é necessário retomar a charrua, carregá-la com o corpo e
desenhar, mais uma vez, os traços eternos na terra. De longe, quem olha a
azáfama percebe, apesar da antiguidade da faina, que os frutos são frescos e,
em cada texto nascido, a língua, como as leiras de terra sempre lavradas,
enche-se de vida; é sempre a noiva jubilosa que se apresenta no altar. (averomundo, 2008/05/10)
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