Max Ernst - The Eye of Silence (1933-34)
O falhanço total do marxismo [...] e o dramático desmembramento da
União Soviética são apenas os precursores do colapso do liberalismo ocidental,
a principal corrente da modernidade. Longe de ser alternativa ao marxismo e a
ideologia reinante do fim da história, o liberalismo será a peça seguinte do
dominó que cairá. [Takeshi Umehara]
Nós, ocidentais, deixamo-nos envolver demasiado nas nossas querelas
particulares como se fossem a única coisa existente à face da terra. Ainda hoje
somos vítimas dessa cisão que constitui a modernidade: liberalismo e
socialismo. O que compreendemos quando lemos as palavras de Umehara, ou quando
o mundo islâmico rejeita os nossos valores? O que compreendemos neste momento
em que a crise do euro conjugada com a crise dos refugiados parece estar a
iniciar aquilo que poderá ser a derrocada entrevista pelo pensador japonês?
Continuamos, cada vez mais perplexos, agarrados à necessidade de fazer triunfar
ou o nosso pequeno liberalismo ou o nosso irrequieto socialismo. A divisão
entre liberalismo e marxismo ocultou uma outra, muito mais funda e estrutural:
tradição e modernidade. A nós, ocidentais, a palavra tradição repugna-nos, mas
aos outros? Aos outros, parece que não. Enquanto tudo parece desagregar-se,
continuamos como aqueles jogadores de xadrez que, enquanto a guerra os
envolvia, nem davam por ela, de tão concentrados no jogo. A cada um as suas
pedras, brancas para uns, pretas para outros. Mesmo que, de fora, gritem que
tudo cai, nem damos por isso. É preciso que sobre as nossas antigas tradições
se erga o estandarte da modernidade, seja o do liberalismo, seja o do
socialismo. Mesmo que isso signifique o fim do que somos.
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