Interrogamo-nos muitas vezes sobre as razões que conduzem a
que a sociedade portuguesa seja obstinadamente iliberal. Haverá razões
históricas para isso, as quais não cabem nesta rubrica. Vale, porém, a pena
escutar atentamente o Fado da Sina, de Hermínia Silva. Faz parte de um filme de
1946, Um Homem do Ribatejo, de
Henrique Monteiro, também ele um documento sociológico de particular interesse.
Ora o que nos diz este fado, um grande êxito popular da época? A felicidade ou
infelicidade não resultam das nossas escolhas, mas de uma sina, de um negro
fado mortal. As coisas são como foram determinadas no além. Qualquer iniciativa
é impotente para alterar o destino. Uma sociedade que pensa assim, que sente
assim, que se deseja assim, como pode ela transformar-se numa sociedade
liberal, feita de sujeitos livres e responsáveis pelo seu destino?
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