Pierre Dubreuil, La Metronome, 1920s
Em 2000, o rendimento de Portugal era 84% do da média europeia. Em 2018, é de apenas 74%. O país divergiu em mais 10%. Enquanto isto, Portugal recebeu no mesmo período, para ajudar à convergência com a União Europeia, fundos no valor de mais de 79 mil milhões de euros. O endividamento externo passou dos 45 mil milhões para os 205 mil milhões, também nesse período. Este comportamento é diferente da generalidade dos outros países e Portugal prepara-se para cair para o quinto lugar entre os países mais pobres da UE (ver aqui). Pior do que a irresponsabilidade generalizada atribuível às elites políticas nacionais é a sensação de que o país está a caminho de se tornar inviável. A União Europeia - na altura CEE - foi vista como a saída possível para um país que perdera as colónias. Os portugueses acharam que esse acto mágico os dispensava da disciplina, do esforço, do espírito de sacrifício, da justiça na distribuição dos encargos e dos ganhos. Acharam que se podia dispensar o rigor nas contas do Estado e que este podia tornar a todos europeus nos rendimentos. Nem sequer a entrada da troika no país ensinou coisa alguma. Para lá do espalhafato das facções e dos conflitos em torno da ocupação do poder, Portugal desperdiçou as duas últimas legislaturas. Passos Coelho e a direita perderam-se no ressentimento e em devaneios ideológicos sem qualquer sentido. António Costa e a esquerda mergulharam na gestão dos votos e das migalhas do crescimento da economia, o qual pouco deve ao esforço nacional. Nem num lado nem no outro há uma ideia para o país, um caminho para o retirar da mediocridade em que se afunda. Há escândalos, casos de polícia, egoísmos exacerbados. Não há uma política para o país.
A sorte é que o fundo é mesmo muito fundo, se não fosse assim já lá tínhamos batido.
ResponderEliminarUm abraço
Pois, parece mesmo que o fundo é bem mais fundo do que sempre se pensa.
EliminarAbraço