1. REMODELAÇÃO DO
GOVERNO. A importância da remodelação do governo ocorrida no início da
semana é, do ponto de vista da orientação política, tendencialmente nula. No
entanto, ela é da máxima importância para o futuro do Partido Socialista. Dela
ressaltam três nomes que merecem atenção e que, por certo, irão desempenhar um
importante papel na vida política portuguesa. Pedro Marques que deixa de ser
ministro e é o candidato dos socialistas ao parlamento Europeu. Pedro Nuno
Santos e Mariana Vieira da Silva que sobem de secretários de Estado a
ministros. Todos eles com excelente preparação e não menor ambição política.
2. BLOCO DE ESQUERDA.
A dissidência de vinte e seis militantes do BE e a respectiva justificação
vieram confirmar aquilo que toda a gente sabia. O Bloco não é, apesar de alguma
retórica, um partido revolucionário. Desde o início do projecto que ele
representa a social-democratização de antigos trotskistas, estalinistas e
maoistas, uma forma da sua integração no sistema político nacional. E isto não é
tanto uma traição aos velhos ideais, mas a confissão de que eles não fazem
sentido nos dias de hoje. O Bloco de Esquerda representa o triunfo do princípio
de realidade sobre o princípio do prazer (esse grande orgasmo que se espera que
a revolução seja). E foi em nome da recusa da realidade que os militantes
dissidentes bateram com a porta.
3. GREVES NA FUNÇÃO
PÚBLICA. Em ano eleitoral o governo enfrenta uma terrível onda de greves. A
ideia dos grupos grevistas parece ser dobrar o governo às suas reivindicações
para evitar o desgaste político que essas greves implicam. O governo tem
resistido e os grevistas têm replicado com furor. Quem tem razão? Ambos. O
governo tem razão pois o Estado não tem dinheiro para responder às
reivindicações dos seus funcionários. Os funcionários têm razão porque é
inexplicável a imoralidade do poço por onde corre o dinheiro público, desde as
PPP aos sucessivos e intermináveis resgates à banca. As greves actuais da
função pública são também o retrato do desastre da gestão da República nas
últimas décadas.
4. EXAMES E RANKINGS.
Saíram os rankings dos exames nacionais, o que por norma é motivo de grandes
equívocos e de enorme excitação. O Público
foi uma imagem de tudo isso, mas uma imagem cruel. Enquanto havia artigos onde
as escolas com melhores resultados se mostravam ufanas, um estudo muito
consistente de duas universitárias do Porto mostrava uma coisa terrível. Os
alunos que pertencem às escolas – privadas mas também públicas – com melhores
resultados nos exames têm piores desempenhos na Universidade. Sim leitor, leu
bem: piores resultados. O mundo é cruel.
[A minha crónica no Jornal Torrejano]
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