Uma das grandes vozes femininas do fado, no longo período do Estado Novo, foi a de Lucília do Carmo,
proprietária da importante casa de fados O
Faia e mãe de Carlos do Carmo. Estreia-se como fadista em 1936, aos dezassete anos, numa mítica
casa de fados, o Retiro da Severa. O
fado escolhido foi também cantado por Amália Rodrigues, e é um repositório da ideologia
corrente nas classes populares não apenas de Lisboa e não apenas populares. O
país, naqueles tempos, vivia, simbolicamente, com um pé na Igreja e outro na
Mouraria. Entre uma religiosidade beata e esse mundo onde cantam rufias, choram
guitarras, tudo mergulhado num oceano de amores e ciúmes, de dores e pecados.
Seja como for, foi isso que nos trouxe aonde estamos.
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