Francis Bacon, Head of a Woman, 1960
Dentro da direita trava-se uma luta pouco surda. Não me refiro ao
aparecimento do Aliança, do inevitável Santana Lopes, nem de outras agremiações
que tentam encontrar um nicho de mercado eleitoral com a ajuda dos ventos que
nos chegam de Espanha. Refiro-me à moção de censura ao governo apresentada pelo
CDS. A única finalidade é obrigar Rui Rio a tomar uma posição. Sabe-se que
o actual presidente do PSD é avesso a este tipo de espectáculo e que duvida, com razão, da sua eficácia. O CDS,
porém, pretende crescer à custa do PSD e não se importa de dar uma mãozinha a
António Costa.
O primeiro-ministro tem tudo a ganhar com a moção de
Assunção Cristas. Se por acaso o BE e o PC, em coligação com a direita,
fizessem cair o actual governo, o PS caminharia para a maioria absoluta sobre o
cadáver do BE e ainda com ajuda de muitos eleitores do PC. Como não é provável
que isso suceda, a moção de censura serve para António Costa mostrar que não
está tão abandonado quanto parece neste momento, em que o governo está a
enfrentar uma onda enorme de contestação social. A moção do CDS é o tónico que o governo do PS estava mesmo a precisar, no momento de maior desconforto e
de ausência de discernimento político.
Tudo o que escreveu é verdade, mas também o terror de voltar a ser o partido do táxi faz mexer a soror.
ResponderEliminarUm abraço
Claro, há também o temor de um esvaziamento, mas julgo que o CDS crê que pode crescer à custa do PSD.
EliminarAbraço