Francesca Woodman, Space 2, 1976 |
Poderá a memória persistir quando a realidade se dilacera? Ora, se há uma característica permanente na realidade é a sua contínua dilaceração, o rasgar sem fim das suas estâncias e figurações. Contra isso, a memória é uma forma de resistência, de recolecção de vestígios, de composição dos destroços que o oceano do tempo arremessa sobre a areia da vida. Nessa ficção, mesmo as colagens mais inusitadas têm ainda uma função memorial, na qual o arbítrio é bem menor do que um espectador acidental possa supor, pois recordar é compor o corpo com aquilo que o envolve e nele se reflecte.
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