Jorge Guerra, Les Arbres, 1982 (Gulbenkian) |
São árvores tomadas pelo hálito do Inverto, entregues ao império do frio, tomadas pelo assalto das longas noites. Desmemoriadas, abandonaram as folhas ao ritmo das estações, enquanto ouvem o rumor da natureza e os uivos dos homens. Esperam a hora da ressurreição, o tempo em que a noite se tornará dia e a luz solar inscreverá as suas mensagens secretas na rudeza dos troncos e na incontinência dos ramos. Então, voltarão os pássaros, ali encontrarão abrigo, contra as enxurradas caídas dos céus, os vendavais declinados pelas montanhas, a malevolência nos corações humanos. Enquanto aguardam, as velhas árvores permanecem na cripta da escuridão e oferecem ao mundo o silêncio do esquecimento.
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