quinta-feira, 9 de maio de 2024

O progresso moral da humanidade (17)

Max Beckmann, The Martyrdom, 1919

Não é preciso largar, num qualquer coliseu, alguém às feras, basta que caia no poço sem fundo do ressentimento da massa, no ódio que se fortalece pelo número dos que se juntam para o grande festim do mal. A praça pública é sempre uma arena em potência, onde, desprevenida, a vítima sacrificial é apanhada pela fúria da multidão, que se alimenta do espectáculo da dor, do prazer da agonia. A frágil pele da conduta civilizada depressa se rasga e, como um véu que se abre, oferece aos olhos do espectador incauto o tenebroso teatro que se esconde na melancolia dos dias pacíficos.

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