e
nos cabelos das mulheres
suspendem-se
as folhas
gastas
pelo o Outono,
o
pântano de cinza ao entardecer.
O
rio era mundo exíguo,
preso
entre quintais,
a
roupa pendurada no vento,
a
voz arrastada pelas pedras.
Nas
tardes de sábado,
era
um tanque,
a
água pelas coxas,
as
mulheres abertas
na
leveza da corrente.
Na
placenta aquática,
gerava-se
um mundo de rosas
tecidas
no azedume do barro,
uivos
desfolhados
na
negra nave da noite.
Quando
era o tempo dos barcos,
a
água crescia, um cristal
ondulado
pelo sopro do vidreiro.
As
gerações sucediam-se,
cantando
canções
à
luz do dia,
presas
na sombra
dos
anos que passam.
Sobre
a voragem do rio,
um
véu de abandono.
A
água cobriu-se de espasmos
e
o azul do céu é um fogo
ateado
no umbral
de
onde escorre, severo,
o
segredo da escuridão.
Junho de 1993
[Conjunto de cinco poemas pertencentes à série Cânticos da Terra Amarela
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