Francisco de Zurbarán - La visión del Beato Alonso Rodríguez
Há qualquer coisa de irritante no processo de beatificação em curso do General Ramalho Eanes. Não é que eu antipatize com a personagem. Pelo contrário, acho-a digna e estimável. Julgo mesmo que o General Eanes merece toda a consideração dos portugueses, pois prestou, efectivamente, serviços políticos relevantes ao país. O que me irrita é a sugestão de uma oposição entre o General e os políticos. No fundo, parece mais um candidato à glória dos altares do que um homem político. A beatificação parece que se deve às virtudes éticas que ele ostentou e ostenta. Não duvido que as tenha, mas não é isso que está em questão. A postura moral só tem interesse para um político se o ajudar a conquistar e manter o poder, de resto é, politicamente, irrelevante. Enquanto político, o General Eanes foi um político como os outros e usou a sua figura moral com eficácia para alcançar e manter o poder. Lutou pela afirmação do seu poder pessoal, e esteve longe de ser um homem apartidário. Não teve, por exemplo, nenhum problema moral em patrocinar um partido político a partir de Belém, enquanto era Presidente da República. Um partido lançado contra os partidos que o ajudaram a eleger. O PRD tinha como pano de fundo um projecto de poder pessoal do General Eanes, um projecto que visava liquidar politicamente o PS e Mário Soares. Falhou aí, foi derrotado politicamente. E é esta despartidarização de Eanes, esta quase apolitização da sua figura, que é irritante nas cerimónias de beatificação a que se tem assistido.
A beatificação de Eanes e a demonização de Soares...
ResponderEliminarDe certa maneira, sim. Soares tem um problema. Há muita gente que lhe deve qualquer coisa, fundamentalmente à direita. Agora queriam que ele se portasse bem. Parece que não está pelos ajustes. Felizmente.
EliminarRE não constitui uma referência para mim, seja qual for o ângulo de análise (excepto o não ter aceitado participar no embuste do BPN).
ResponderEliminarAproveitou-se sucessivamente dos "medos" existentes à direita e à esquerda para chegar ao poder. Quando pretendeu chegar lá sozinho falhou rotundamente.
Se eu fosse pessoa de "altares", nunca pararia em frente do dele.
Um abraço
Pessoalmente, julgo que RE moderou um pouco a sociedade portuguesa de então. Não era um político estapafúrdio. A contenção que mostrava era uma coisa boa. Agora, era um político como os outros, e comportou-se como tal. A sua elevação a santo moral parece-me uma idiotice.
EliminarAbraço