Juan Botas - School (1989)
Tendo entrado de férias, a última coisa que me apetecia era escrever sobre questões de educação. Mas isto (é muito instrutivo ler os comentários, uma espécie de voz do povo justicialista) e isto não me deixaram descansar. Há muito que é claro para mim que a escola pública em Portugal e os seus agentes, os professores, são objecto de um particular ódio de certos círculos. O motivo desse ódio é o sucesso da educação pública em Portugal. Ela retirou em poucas décadas o país do analfabetismo e, num país miseravelmente desigual, conseguiu produzir alguma mobilidade social. E se a escola pública não conseguiu mais deve-se à contínua interferência dos políticos, que parecem, desde há muito, apostados em destruí-la. A escola pública incomoda muita gente. Como o estudo publicado mostra, se para a entrada nas Universidades apenas contassem os exames, o sucesso do ensino público (já sem as elites sociais e culturais, que se refugiaram, depois de anos de propaganda, nos colégios particulares) seria ainda mais escandaloso. Como não conseguiram ainda reduzir a escola pública à pura inanidade, há que destruir ainda mais o clima que nela se vive, descobrir regras para pôr professores na rua ou inventar benefícios pedagógicos com o aumento de número de alunos por turma. Não é falta de dinheiro nem o acordo com a troika que está por trás disto, mas um desígnio obscuro (cada vez menos obscuro, diga-se de passagem) de tornar irrelevante a maldita escola pública. Só haverá descanso quando a escola dos filhos da gente que não conta for reduzida a menos que nada.
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