Giorgio de Chirico - La recompesa del Adivino (1913)
Hoje estou um bocado preguiçoso para escrever e fui buscar um texto antigo sobre Passos Coelho, do meu blogue, retirado de circulação, averomundo. O texto foi publicado em 19 de Julho de 2008. Na altura (escrevi nessa época vários textos sobre a personagem), era já muito claro para mim que Passos de Coelho não tinha qualquer preparação para o cargo a que almejava, que tinha um forte conflito com a realidade. Com a chegada ao poder, esse conflito com o real não cessou de se agravar para chegar ao puro delírio onde vive, rodeado de personagens como os Borges, os Relvas, as Cruzes, os Gaspares, os Pereiras, os Portas, as Cristas, os Macedos, num nunca mais acabar de nomes que se tornaram símbolo do desespero das pessoas e da risibilidade de quem ocupa o poder. Se olharmos para a política do governo parece que Passos Coelho seguiu à risca as instruções dadas, uma política desenhada num fim-de-semana para salvar a pátria. Mas o facto de ter adivinhado o que viria aí de tenebroso, não sinto qualquer prazer pela recompensa do adivinho. Aqui fica então o texto de há quatro anos.
O novo génio da política
nacional, Pedro Passos Coelho, acha, segundo o Público,
que o PSD “precisa de apresentar um projecto alternativo e um discurso de
esperança e não pode querer ganhar com o descontentamento face ao PS.” Se o
problema for o de criar um projecto alternativo, a coisa não é assim tão
difícil. Uma equipa de sábios organiza a papelada num fim-de-semana. Também ter
um discurso de esperança não será complicado. O que a novel estrela da política
nacional parece esquecer é que qualquer receita que exista será sempre idêntica
à actual ou ainda, para a maioria dos portugueses, mais tenebrosa.
Alternativas, esperanças, tudo palavras bonitas e pensamentos geniais. O
problema é a realidade. Talvez essa conte para pouco.
Em Cheio!
ResponderEliminarUns tempos depois do seu texto, também eu escrevi assim acerca do sujeito em questão:
"O Passos acaba de tirar o Coelho da cartola, ao propor-se acometer as bases do Estado Social e rever a Constituição, a fim de, entre outras aleivosias, poder ferir de morte o Serviço Nacional de Saúde e liberalizar ainda mais os despedimentos.
Já não restam dúvidas, apesar da boa aparência que exibe e que se requer a um caixeiro-viajante que começou há pouco a vender ilusões, a novel coqueluche do país do absurdo, começa a ter parecenças preocupantes com o outro caixeiro, o do insecto de Kafka, também desprezado pelo ’pai’, mas com uma laranja, em vez de maçã, nas costas, a qual, certamente, já terá apodrecido quando ele chegar ao poder.
Digo eu que não entendo patavina de Entomologia, especialmente, quando aplicada à política."
Reconheço que pequei por defeito...
Abraço
Já na altura era visível um programa ideológico idêntico ao praticado hoje em dia, bem como a completa ignorância sobre o país. Por outro lado, é inacreditável como pessoas sem qualquer currículo chegam a primeiro-ministros em Portugal.
EliminarAbraço