José de Ribera - Filósofo, Platão
Nunca fui adepto, antes pelo contrário, da ideia platónica do rei-filósofo. Julgava Platão que só o governante que fosse sábio poderia ser justo. Eu pensava que deveríamos separar a sabedoria contemplativa do filósofo e a técnica da acção política. Começo, todavia, a alterar a minha posição. Olhando para as intervenções da generalidade dos actores políticos, é impossível, com raríssimas excepções, não ficar espantado com a imaturidade daquelas pessoas. O problema não é só português, mas em Portugal ele é demasiado evidente. Uma estranha combinação de imaturidade e de ignorância só pode conduzir um povo à desgraça. Nem quero apontar nomes, mas desde o governo à oposição não há falta deste tipo de pessoa, ignorante, criançola, a brincar à gente crescida, a fingir-se responsável, a mascarar-se de estadista. Começo a perceber que, de facto, Platão tinha razão. A justiça do governante depende muito da sua sabedoria e da sua maturidade existencial. Oiço aquela gente a esforçar-se por mostrar que existe, a fingir dignitas e gravitas e só me dá vontade de rir. Platão, estás perdoado. Ou serei eu que terei de pedir perdão a Platão?
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