Odilon Redon - O silêncio
132. um vestígio de sangue encerra o dia
um vestígio
de sangue encerra o dia
e a solidão
chega no inverno inacabado
trazendo uma
rosa de púrpura
para cobrir as
pústulas do silêncio
tivesse a
vida a sombra de um desígnio
uma sílaba
que trouxesse um imperativo
a ordem que
transforma o fogo em pedra
e tudo seria
como a seda do outono
mas entrámos
no inverno que não acaba
a palavra
suspende-se gélida na soleira
da porta que
não abre nem fecha
no silêncio que
cresce sobre o mundo
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