Edward Hopper - Sun in an empty room (1963)
21.
Da terra sei a humidade e a secura,
a doença aberta na maturação dos frutos.
Dominado pela arquitectura do mundo,
entrego-me ao êxtase com o olhar cativo
e corro na luz fria e derramada
a clamar pelos favos que te adoçam
a boca imóvel na soberania da tarde.
Oiço, ao longe, um brado surdo,
uma voz esquiva debruada pela sede,
como se fora uma fonte de penumbra
ou a margem secreta do rio da infâmia.
Sobre o equívoco daqueles dias,
a doença aberta na maturação dos frutos.
Dominado pela arquitectura do mundo,
entrego-me ao êxtase com o olhar cativo
e corro na luz fria e derramada
a clamar pelos favos que te adoçam
a boca imóvel na soberania da tarde.
Oiço, ao longe, um brado surdo,
uma voz esquiva debruada pela sede,
como se fora uma fonte de penumbra
ou a margem secreta do rio da infâmia.
Sobre o equívoco daqueles dias,
cresceram fogos-fátuos, atearam incêndios,
escureceram de terror a terra seca,
o indecifrável vazio que te escorre das
mãos.
[O Silêncio
da Terra Sombria, 1993]
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